Boris Vian was a jack of all trades, although unfortunately his name was Boris and "Boris of all trades" never took off as a turn of phrase. Nevertheless, Vian was a great songwriter, playwright, singer, jazz critic, and, of course, novelist. Vian's 1947 novel Autumn in Peking (L'Automne à Pékin) is perhaps Vian's most slapstick work, with an added amount of despair in its exotic recipe for a violent cocktail drink.
The story takes place in the imaginary desert called Exopotamie where all the leading characters take part in the building of a train station with tracks that go nowhere. Houses and buildings are destroyed to build this unnecessary structure - and in Vian's world, waste not, make not.
In Alistair Rolls' pioneering study of Vian's novels, "The Flight of the Angels," he expresses that Exopotamie is a thinly disguised version of Paris, where after the war, the city started changing its previous centuries of architecture to something more modern. Yes, something dull to take the place of what was exciting and mysterious.
Vian, in a mixture of great humor and an unequal amount of disgust, introduces various 'eccentric' characters in this 'desert' adventure, such as Anne and Angel who are best friends; and Rochelle who is in love and sleeps with Anne, while Angel is madly in love with her. Besides the trio, there is also Doctor Mangemanche; the archeologist Athanagore Porphyroginite, his aide, Cuivre; and Pipo - all of them in a locality similar to Lewis Carroll's Alice in Wonderland, where there is a tinge of darkness and anything is possible, except for happiness.
Neste novo romance, o vencedor do prêmio Nobel José Saramago reconta episódios bíblicos do Velho Testamento sob o ponto de vista de Caim, que, depois de assassinar seu irmão, trava um incomum acordo com deus e parte numa jornada que o levará do jardim do Éden aos mais recônditos confins da criação.
Se, em O Evangelho segundo Jesus Cristo, José Saramago nos deu sua visão do Novo Testamento, neste Caim ele se volta aos primeiros livros da Bíblia, do Éden ao dilúvio, imprimindo ao Antigo Testamento a música e o humor refinado que marcam sua obra. Num itinerário heterodoxo, Saramago percorre cidades decadentes e estábulos, palácios de tiranos e campos de batalha, conforme o leitor acompanha uma guerra secular, e de certo modo involuntária, entre criador e criatura.
No trajeto, o leitor revisitará episódios bíblicos conhecidos, mas sob uma perspectiva inteiramente diferente. Para atravessar esse caminho árido, um deus às turras com a própria administração colocará Caim, assassino do irmão Abel e primogênito de Adão e Eva, num altivo jegue, e caberá à dupla encontrar o rumo entre as armadilhas do tempo que insistem em atraí-los.
A Caim, que leva a marca do senhor na testa e portanto está protegido das iniquidades do homem, resta aceitar o destino amargo e compactuar com o criador, a quem não reserva o melhor dos julgamentos. Tal como o diabo de O Evangelho, o deus que o leitor encontra aqui não é o habitual dos sermões: ao reinventar o Antigo Testamento, Saramago recria também seus principais protagonistas, dando a eles uma roupagem ao mesmo tempo complexa e irônica, cujo tom de farsa da narrativa só faz por acentuar.